Os livros também têm trilha sonora

13:25 Postado por Moisés de Oliveira

Nem só os filmes, sériese novelas têm trilha sonora. Livros também têm, embora não seja muito fácil achá-la. Hoje me lembrei de duas músicas que estão para mim absolutamente associadas a dois livros. Não posso ouvi-las sem me lembrar, imediatamente, das histórias. É claro que essa associação ocorreu da mais prosaica forma: eu estava ouvindo essas músicas quando lia os livros.

Mas há algo mais que isso. Não associo qualquer música a qualquer livro pelo simples momento de estar ouvindo uma e lendo outro ao mesmo tempo. É preciso que haja algo que faça o "casamento", algo que me faça imaginar perfeitamente as aventuras dos personagens ao som daquela música.

Pois bem, quando você for ler Alguém para Correr Comigo, do israelense David Grossman, ouça Other Ways, de Trevor Hall.

Alguém para correr comigo é uma pequena fábula moderna, com personagens inusitados - mas encantadores. É a história de Assaf e Tamar, dois adolescentes que não se conhecem, mas cujas vidas de repente se vêm ligadas por uma cadela, Dinka. Assaf trabalha na prefeitura de Jerusalém e um belo dia lhe é dada uma esdrúxula tarefa: achar a dona de uma cadela recolhida nas ruas, mas que parece bem cuidada. Na esperança de que a cadela naturalmente vai guiá-lo à casa do dono, Assaf sai com ela pelas ruas de Jerusalém, e vai descobrindo pessoas que conhecem a dona, Tamar, como uma freira reclusa e um enigmático jovem astrônomo. E logo no começo ele descobre que Tamar desapareceu e corre sério risco de morte. Paralelamente, o livro nos conta a terrível aventura de Tamar, que, de certa forma, desce ao inferno para resgatar uma pessoa a quem ela ama muito, e assim desperta a ira de terríveis demônios.

Não há como não se encantar com Assaf e Tamar. Ela dá as costas ao seu mundo rico e ordenado para se jogar numa aventura asustadora. Ele se lança ao desconhecido decidindo se arriscar por uma mulher que nunca viu.

A voz de cachorro de Trevor Hall, um músico jovem e ainda muito desconhecido, talvez tenha ajudado a que eu associasse Other Ways à história de Assaf, Tamar e da cadela Dinka. OU talvez tenha sido apenas porque a música é muito bonita mesmo.

Um trechinho da letra:

Well I think about all the other ways I could've played
All the other simple moves I could've made
All the other cards that I could've dealt
All the books I didn't read upon my shelf
All the other ways I could've sung my songs
I've realized that none of it wen't wrong
It was all play
How could it be any other way?
How could it be any other way?

(Bem, eu penso em todos as outras formas como eu poderia ter jogado
Todos os outros movimentos simples que eu poderia ter feito
Todas as outras cartas que eu poderia ter usado
Todos os livros que não li sobre minha estante
Todos os outro jeitos como eu poderia ter cantado minhas canções
Eu me dei conta de que nenhum deles era errado
Todos funcionavam
Como poderia ser de outro jeito?
Como poderia ser de outro jeito?)

E quando você for ler Os Trabalhadores do Mar, clássico de Victor Hugo, ouça The Weight of the World, do Editors.

Os Trabalhadores do Mar é um livro magistral sobre a força do coração humano. Seu protagonista, Gilliat, é sem dúvida um dos personagens mais fortes da literatura universal. Embora o finalzinho do livro, a última cena, estrague um pouco o restante da história, a obra não perde seu brilho.

O enredo do livro é extremamente simples. Numa pequena cidade do litoral norte da França, o rico armador Lethierry só tem dois amores na vida: a filha adotiva Deruchette e o seu navio Durande. Num misterioso incidente, entretanto, Durande choca-se contra um rochedo no mar e naufraga. O fato deixa o velho armador inconsolável, e sua filha, Deruchette, promete casar-se com o homem que conseguir trazer o navio de volta.

É aí que entra Gilliat. Jovem introspectivo, que vivia meio recluso na cidade, hábil marinheiro, aceita o desafio. O restante da história é a luta sobre-humana travada entre Gilliat e o mar. Ele sai em busca de Durande e decide que ou leva o navio de volta, ou morre tentando. E não são poucos os obstáculos, a começar pelo fato de que todo o trabalho, todo, terá que ser feito por ele sozinho. E sua luta é algo que nos deixa, em alguns momentos, exasperados.

Sob alguns aspectos, Os Trabalhadores do Mar é o oposto de Alguém para Correr Comigo. Seus personagens não são tão leves e a história segue um rumo mais sombrio. Mas Gilliat parece-se com Assaf e com Tamar em seucaráter aventureiro e destemido. Mas distancia-se deles em seu caráter melancólico que é capaz de vencer quase tudo.

The Weight of the World reflete bem isso: a música tem um certo tom opressivo, sugere quase um desespero, mas mostra otimismo.

Trechos da letra:

Keep a light on those you love They will be there when you die Baby there's no need to fear Baby there's no need to cry Every little piece in your life Will add up to one Every little piece in your life Will mean something to someone You fuse my broken bones Back together and then Lift the weight of the world From my shoulders again You touch my face God whispers in my ears There are tears in my eyes Love replaces fear

Preste atenção naqueles que você ama
Eles estarão lá quando você morrer
Baby, não há nada a temer,
Baby, não há porque chorar

Todas as pequenas partes de sua vida
Vão resultar numa só
Cada pequena parte de sua vida
Vai significar algo para alguém

Você juntou meus ossos quebrados
Todos juntos de volta e então
Levantou o peso do mundo
De meus ombros novamente

Você toca minha face
Deus sussurra em meus ouvidos
Há lágrimas em meus olhos
O amor substitui o medo.

Impressionante? Experimente isso lendo Os Trabalhadores do Mar.

Se eu me lmebrar de novas trilhas sonoras literárias, aviso.

Os nerds são os melhores

21:23 Postado por Moisés de Oliveira

Hoje é o dia dos nerds. Aproveito então pra indicar um ótimo texto escrito por Ana Recalde e publicado no Nerds somos Nozes. No texto ela explica porque os nerds são os caras mais legais:

Nesse Dia do Orgulho Nerd estou aqui para prestar uma homenagem a todos os nerds do Brasil. Vejam bem, estou falando aqui de nerds do sexo masculino! Não que as nerds mulheres não mereçam homenagem, afinal esse é nosso dia também, mas esse post em específico vai de uma she-nerd para vocês garotos!

Há alguns anos eu recebi um texto chamado Nerds Mandam Bem, da Lia Amâncio. Estavam ali enumerados todos os motivos pelos quais eu escolho meus namorados e pelos quais eu era chamada de louca pelas colegas. “Um namorado pra mim tem que ser lindo e atlético!”, “Eu conheci um menino lindo na balada”, essas eram frases recorrentes na boca de meninas que eu conhecia, mas exatamente esses caras chamavam a minha atenção como o limo da parece de uma dungeon que se esconde um dragão.

Leia o texto completo aqui.

Mínimos bocados de boa comida

15:48 Postado por Moisés de Oliveira


Parece ser esse o princípio orientador do Festival Brasil Sabor 2009, que acontece simultaneamente em várias cidades: um pouquinho de comida bem gostosa com o preço inversamente proporcional à quantidade servida no prato.

Não sou do tipo "gourmet", mas não dispenso a chance de experimentar novidades. Fui a dois restaurantes participantes do festival. Num deles, comida árabe. Não gostei muito: sai-se de lá com fome e as carnes estavammeio cruas, argh... Mas do outro gostei muito. O prato: truta crocante com paglio e fieno ao molho de vinagrete. Não gosto muito de peixe, mas essa truta estava fenomenal. E alimenta! O prato é carinho, mas de vez em quando não faz mal.

Agora espero o Buteco Bohemia pra poder comer comida de homem.

Uma estrada de pedra que passa na fazenda

15:18 Postado por Moisés de Oliveira

Vai chegando o inverno. Já de tardinha começa a esfriar, o sol vai embora mais cedo. Nesses dias aperta a saudade da terrinha, onde faz um frio decente e não o frio protocolar daqui.

Descobri outro dia esta música (obrigado, Fabiana!) e ouvi-la tornou-se uma doce tortura. Música para se ouvir ao pé do fogo. Linda, linda.



Jeito de Mato
Paula Fernandes e Maurício Santini

De onde é que vem esses olhos tão tristes?
Vem da campina onde o sol se deita
Do regalo de terra que o teu dorso ajeita
E dorme serena, no sereno sonha

De onde é que salta essa voz tão risonha?
Da chuva que teima, mas o céu rejeita
Do mato, do medo, da perda tristonha
Mas, que o sol resgata, arde e deleita

Há uma estrada de pedra que passa na fazenda
É teu destino, é tua senda, onde nascem com as canções
As tempestades do tempo que marcam tua história
Fogo que queima na memória e acende os corações

Sim, dos teus pés na terra nascem flores
A tua voz macia aplaca as dores
E espalha cores vivas pelo ar
Ah..Ah...Ah
Sim, dos teus olhos saem cachoeiras
Sete lagoas, mel e brincadeiras
Espumas ondas, águas do teu mar
Ah..Ah...Ah...Elaia

Um novo começo

15:09 Postado por Moisés de Oliveira

E vamos começar de novo!

Este blog abre a porta da sala. Você entra, se senta no sofá e sente o cheiro de café feito na hora. Os pães de queijo estão saindo do forno. É meio da tarde lá fora. O céu está aberto, azul com sol bonito, mas o tempo está friozinho, como costumam ser os melhores dias. Há pássaros cantando e você pode ouvi-los. Venta de levinho, apenas o suficiente para balançar suavemente as flores no jardim.

Acho que não há jeito melhor de começar um relacionamento. Ou de dar continuidade a um.

Entre e não faça cerimônia!